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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Sou eu construindo um castelo de areia

Eu tendo a gostar do que não posso tocar
A desejar o que me é proibido amar
A querer o que não posso ter
E sofro o desejo ilícito enfim calado.

Pois me vejo de um modo único
Me sinto como não sou a muito
Me percebo não como me vê o mundo
E não sou o que aparento!

Fico moendo desejos na moenda da solidão
Fico oprimindo sonhos na ditadura mansidão
Fico sendo o zero no conjunto dos primos
E a incógnita da equação, os subtraídos.

Eu vou seguindo lentamente em direção ao nada
Esperando que alguém me salve da derrocada
Buscando abrigo no labor que acalenta as horas
e anestesia no esquecimento as amarguras.

Talvez essa vida não seja para proveito
Talvez a vida seja um grande castigo
Talvez e mais provável que nada seja
Ou quem sabe uma tola jornada?

Aproveitar então a ocasião, seria mister
Porém não facilita se o quero não posso ter
Então fico entre a cruz e a espada
Entre a moral e morada 

Como um cavaleiro sem montaria
Um marujo sem nau abandonado na praia
ou um lobo perdido da alcateia
Sou eu construindo um castelo de areia

São José dos Campos - 01 de Julho de 2016

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